Nosso pai sempre foi um exemplo de ser humano.
Iniciou sua vida com grandes desafios. Nunca lhe faltou comida e o amor de sua grande família, mas viviam de forma muito humilde. Sempre nos contava que ia sobre o lombo de uma égua para a escola, mais de 1 hora de caminho. Só usava sapato aos domingos, Dia de Missa. Neste dia também podia tomar 1 copo de groselha que adorava, mas só 1.
Aos 11 anos num acidente com uma bombinha num Reveillon perdeu alguns dedos de sua mão direita. Ficou 1 ano inteiro em tratamento no Hospital das Clínicas em São Paulo, sozinho sem a família, mas sob os cuidados de uma madrinha.
Apesar de tantos desafios, cursou 3 faculdades, todas no período noturno para que pudesse trabalhar.
Administração - Contabilidade - Direito
Segundo ele, dinheiro não aceita desaforo, por isso sempre nos ensinou a honrar o trabalho e valorizar o que temos.
Nossa nonna Olga, sua mãe, muito devota de Santo Antônio, deu a ele o nome de Moises ANTONIO Bortolotto.
Nosso pai sempre rezava e tinha muita fé na força das orações. Como a nonna acendia uma vela para todos que precisavam de luz.
Junto com nossa mãe construiu em sua casa uma linda capela que acolhia suas orações a tantos.
Frequentava as missas quase todos os domingos, preferencialmente na Igreja Santa Terezinha, onde se casou. Dia 26 de janeiro completariam 48 anos de casados, mais de 50 anos juntos.
Em janeiro passado _ antes da Pandemia_ pediu uma missa de Ação de Graças para comemorar esta data. O Padre solicitou que ambos se levantassem e todos na igreja os aplaudiram, pela singela demonstração de amor um pelo outro. Foram sempre apaixonados, cúmplices e amigos.
Nas poucas vezes que a mãe viajava sem ele ficava parecendo um cão sem dono. Ligava para ela dezenas de vezes ao dia. Não conseguia se divertir sem ela.
Ele sempre foi um exemplo para nós, suas filhas. Apesar de tantos desafios com muita dedicação venceu na vida.
No velório quando acompanhei minha mãe em casa, após a família ter tido o momento de se despedir, a Chris e nosso primo Carlos ficaram ao seu lado.
Escutaram lindas histórias de como o pai ajudou a tantos com os estudos, na compra de sua primeira casa, ajudando a resolver documentações ou simplesmente trazendo uma palavra de sabedoria.
Mas S. Moises sempre nos ensinou que o que a mão direita faz a esquerda não precisa ficar sabendo.
Assim era ele, profissional reconhecido por todos como extremante honesto, correto e justo. Também famoso por sua cara de bravo, até rabugento algumas vezes, mas que tinha um coração maior que o peito.
Esse era nosso pai.
Sabemos que foi para a morada celeste. Quem sabe nosso Pai Maior deve estar fazendo um time de especialistas lá no céu e precisava de um administrador para auxiliar no comando.
Para quem não sabe nosso pai se foi devido a complicações decorridas do Covid. Ele e nossa mãe ficaram internados por 30 dias. Até nisto tiveram que estar juntos. Nossa mãe está em casa há 11 dias, mas ainda se recuperando com o apoio de oxigênio.
Pai fique em paz e não se preocupe que estaremos cuidando de sua amada como você sempre fez.
Receba todo o amor de nossa família!
Sua esposa, filhas, netos, genro, sogra, irmãos, cunhados e sobrinhos.